Visão para uma sociedade mais feliz

mark_williamsonMark Williamson, diretor do movimento, compartilha suas respostas para dez perguntas interessantes.

Do que se trata a Ação para Felicidade?

O movimento é sobre encorajar uma mudança em direção a uma sociedade mais feliz. Isso significa uma sociedade onde mais pessoas estejam levando vidas felizes, equilibradas e satisfatórias; e menos pessoas estejam tendo vidas infelizes: se sentindo presas, desprezadas ou insatisfeitas.

Contudo, embora a ideia seja simples, realizá-la requer uma mudança cultural grande — uma que desafia todos nós e viver de modo a priorizar as coisas que sejam realmente mais importantes. Então estamos construindo um movimento massivo para uma mudança social. Nosso foco é reunir pessoas que acreditem que as coisas podem ser melhores, e encorajá-las a fazer mais para aumentar o bem-estar alheio, assim como ajudá-las a encontrar maneiras de levar elas mesmas vidas mais satisfatórias.

De modo último, queremos contribuir na criação de uma sociedade que coloca a felicidade geral das pessoas em primeiro plano, em vez de focar apenas no crescimento econômico. Queremos encorajar as pessoas a se distanciarem de um comportamento ego-obsessivo, materialista e insatisfatório, em direção a um modo de vida mais colaborativo e amoroso, em que seja valorizada a generosidade, confiança e relacionamentos positivos. Nosso objetivo é inspirar as pessoas a entrarem em contato com o que realmente importa para elas, e ajudá-las a se encontrarem para realizar mudanças positivas em suas famílias, escolas, ambientes de trabalho e comunidades.

Qual é o problema que vocês estão tentando solucionar?

Muitos de nós sentimos que a sociedade está com as prioridades todas invertidas. Vivemos em uma cultura cada vez mais competitiva e ego-obsessiva, que nos encoraja a buscar riqueza, boa aparência, status e bens materiais como a rota para o sucesso. Isso é ratificado pelo nosso sistema político-econômico focado em maximizar o crescimento econômico acima de tudo.

No entanto, embora tenhamos enriquecido imensamente como sociedade, não estamos de fato nos tornando mais felizes. Por exemplo, a proporção de pessoas na Inglaterra que se considera “muito feliz”, no máximo, continuou a mesma desde os anos 50, apesar de o país ter ficado três vezes mais rico. Somente o crescimento econômico não é suficiente para garantir progresso social.

Pior ainda, nosso foco no materialismo e no individualismo ego-obsessivo está levando a problemas sérios por toda a sociedade. Estamos vendo elevações imensas nos níveis de ansiedade e depressão entre jovens, maior desigualdade, mais famílias desunidas, menor índice de confiança, jornadas de trabalho mais longas, problemas ambientais cada vez piores e níveis paralisantes de endividamento.

Felizmente, não precisa ser assim. A boa notícia é que a riqueza e posses materiais não são os fatores mais importantes para determinar se nossas vidas são felizes e satisfatórias. Em vez disso, ao focar nosso tempo e energia em coisas que, demonstradamente, trazem felicidade, podemos levar vidas enriquecedoras e recompensadoras. Essas coisas são: famílias amáveis, laços estreitos de amizade, auto-consciência, laços comunitários fortes, ajudar os outros, atividades que tenham sentido, manter-se fisicamente ativo e contar com uma dimensão espiritual ou propósito maior na vida.

Nenhuma dessas ideias é nova e, instintivamente, sabemos sobre sua importância. Mas essa “sabedoria ancestral” agora também foi comprovada por pesquisas intensivas no campo da psicologia positiva, que confirma que esses fatores têm um impacto maior em nossa felicidade e bem-estar a longo prazo do que nossa beleza, saúde, posses ou nível de renda.

Bens materiais são a fonte da felicidade? Pesquisas comportamentais demonstram que, em comparação com relações pessoais, por exemplo, definitivamente não
Comprar coisas traz felicidade? Depende. Estudos mostram que gastar dinheiro com outras pessoas é muito mais satisfatório do que gastar consigo mesmo.

O que exatamente você quer dizer com “felicidade”?

Ao falar sobre “felicidade”, nos referimos à soma total de nossos sentimentos sobre a boa qualidade de nossas vidas, levando em conta todos os aspectos. Isso inclui nossa vida interior, família, relacionamentos, situação financeira, trabalho, comunidade, saúde, lazer e liberdade. Também engloba nossas vidas como um todo, incluindo sentimentos sobre o passado, nossa situação presente e nossas esperanças e expectativas sobre o futuro.

Nossos sentimentos de prazer e alegria, momento-a-momento, obviamente são importantes, mas a verdadeira felicidade é mais profunda do que isso. Cada pessoa tem sua própria visão sobre o que a faz feliz. Mas embora os caminhos variem, espero que a maioria das pessoas concorde que a melhor sociedade é aquela com a maior felicidade e o menor sofrimento.

Mas, obviamente, não podemos ser felizes o tempo todo!

Absolutamente correto. Viver uma vida feliz não significa que seremos felizes o tempo todo. Todos temos nossos pontos baixos de sofrimento, desapontamento e tristeza pelo caminho. E certamente não ajuda em nada colocar uma máscara positiva em tudo e fingir que as coisas estão bem se, obviamente, elas não estão. O que realmente conta é como reagimos aos tempos difíceis e como eles influenciam nossa felicidade a longo prazo.

Como esperado, nossa felicidade de longo prazo é influenciada por nossos genes e nosso tipo de criação, que atuam de modo crucial para determinar nossa visão da vida. Mas também podemos exercer um impacto significativo em nossa felicidade a longo prazo através do modo como conduzimos nossas vidas. De fato, os últimos estudos da psicologia sugerem que 40% de nossa felicidade pode ser determinada por nossas atitudes e escolhas, em vez de nossos genes, criação ou condições de vida.

Então, embora não possamos controlar o fato de que coisas ruins vão acontecer, podemos escolher o modo como reagimos a elas e, por consequência, escolhemos como elas vão afetar nossos sentimentos em geral sobre a vida.

Buscar felicidade não é algo um tanto quanto egoísta?

Essa é uma pergunta realmente importante e a resposta depende na verdade a que nos referimos quando buscamos a felicidade. Antes de tudo, precisamos reconhecer que ser mais feliz geralmente é ótimo para as pessoas. Pessoas felizes tendem a ter melhores relacionamentos, ganhar mais dinheiro, viver mais e ter melhor desempenho no trabalho. Contudo, os estudos também sugerem que pessoas que buscam — obsessivamente e de modo direto — sua própria felicidade têm menos probabilidade de ser felizes e contentes. Focar em nossa própria felicidade tem o efeito paradoxal de dificultar sua realização.

Mas, na minha opinião, há uma grande diferença entre ficar buscando incansavelmente a felicidade — que é algo que leva à própria derrota — e escolher viver de modo feliz, significativo e satisfatório. Tentar viver feliz não precisa ser uma busca auto-centrada e hedonista. Pelo contrário, a sociedade mais feliz é aquela em que as pessoas desejam também a felicidade dos outros. Pesquisas mostram que as pessoas que mais se importam com a felicidade alheia são elas mesmas mais felizes; e pessoas mais felizes, por sua vez, são mais generosas com os outros.

É por isso que a Ação para Felicidade se foca em como podemos construir uma sociedade mais feliz juntos, e não em como podemos ser mais felizes individualmente.

Como seria uma sociedade mais feliz?

Uma sociedade genuinamente mais feliz conteria mudanças positivas em todos os aspectos de nossas vidas. Por exemplo:

  • em nossos lares, mais famílias seriam amorosas, estáveis e com as condições adequadas para criar crianças felizes. E mais pessoas entre nós estariam levando vidas equilibradas, o que permite gastar mais tempo com as pessoas com quem nos importamos, fazendo as coisas que amamos.
  • em nossas escolas, teríamos um sistema educacional mais equilibrado, que ajudasse às crianças a desenvolverem auto-consciência e resiliência emocional em vez de apenas ensiná-las como passar em exames.
  • em nosso trabalho, veríamos mais empregados criando ambientes de trabalho positivos e tendo equipes felizes, engajadas e criativas.
  • em nosso sistema de saúde, teríamos um foco maior no bem-estar emocional e psicológico, e não apenas na saúde física.
  • em nossas comunidades, teríamos índices mais elevados de confiança, menos crime e mais pessoas doando tempo e energia para estarem ativamente envolvidas nas atividades locais.
  • em nossa política de governo, veríamos um realinhamento de prioridades, não apenas para medir nossa felicidade, mas para levar isso em consideração nas decisões políticas.
  • e finalmente, em nossa vida interior, mais pessoas entre nós seriam capazes de encontrar paz e contentamento, e menos pessoas estariam enfrentando estresse e depressão.

Todas essas mudanças são possíveis, mas apenas se milhões de pessoas desejarem isso e tiverem os recursos, inspiração e apoio necessários para realizarem ações positivas em suas vidas.

Então como a Ação para Felicidade pode fazer uma diferença?

Nossa missão é inspirar e capacitar a mudança em direção a uma sociedade mais feliz. Na prática, faremos isso da seguinte maneira:

  • sendo uma fonte confiável de informações que explique porque a felicidade importa, o que dizem os estudos recentes e como seria uma sociedade mais feliz;
  • inspirando pessoas a juntarem-se ao movimento e assumirem um compromisso para ajudar a criar uma sociedade mais feliz através do modo como levam suas vidas;
  • capacitando as pessoas a realizarem ações positivas em suas vidas pessoais, lares, escolas, trabalho e comunidades;
  • colocando a felicidade e bem-estar no coração do debate público em nossa sociedade.

O movimento tem um conjunto central de ideias?

Sim. Leia o texto No que acreditamos.

O que vocês querem que as pessoas de fato façam?

Em primeiro lugar, queremos que as pessoas se unam ao nosso ideal, para acrescentar suas vozes e demonstrar que elas consideram essas questões importantes. Pedimos que cada um dos membros assuma nosso simples mas profundo compromisso, sobre o modo como elas conduzem suas vidas. Ao se juntarem a nós, elas farão parte de uma comunidade cada vez maior de pessoas com o mesmo ideal, podendo contar com o conteúdo de apoio que disponibilizamos livremente.

Mas juntar-se a nós é, obviamente, apenas o começo e, após o compromisso, o que realmente queremos é ajudá-las a colocar suas aspirações em ação. Para trazer isso à vida, este website fornece um amplo leque de ideias inspiradoras e ações potenciais a serem executadas. Também estamos abertos ao conteúdo que os membros possam gerar para implementá-lo em conjunto.

As ações variam conforme as diferentes áreas da vida — em casa, no trabalho, na comunidade — e também conforme o esforço necessário, para poder envolver um amplo leque de pessoas. Assim, em uma ponta do leque, um membro do movimento pode decidir fazer algo ambicioso como propor uma mudança no currículo de sua escola, começar um grupo comunitário local ou influenciar os administradores públicos locais. Ao mesmo tempo, na outra ponta do leque, um novo membro poderia simplesmente se sentir inspirado a visitar um vizinho ou ajudar um amigo passando por necessidades.

Certamente vocês devem ter algum interesse oculto…

Não, nenhum. Posso garantir que nossa motivação é pura. Somos independentes e não temos nenhuma afiliação política, religiosa ou comercial. Na verdade, damos boas vindas a pessoas de qualquer religião (ou nenhuma), partido político e setor da sociedade. Embora ainda não estejamos totalmente registrados como uma organização própria, a Action for Happiness é atualmente parte da Young Foundation, uma entidade de caridade no Reino Unido com um currículo fantástico na área de inovação social.

Também devo enfatizar que criar um movimento social não é o trabalho de uma única organização. Isso só será possível se reunirmos um vasto espectro de organizações e pessoas influentes. Nossa organização em si não é importante: os verdadeiros líderes da Ação para Felicidade são as pessoas que se juntam ao movimento e realizam algo que faz a diferença.