Direção: tenha objetivos

(chave 8 das “10 chaves para uma vida mais feliz”)

Sentir-se bem em relação ao futuro é importante para nossa felicidade. Todos nós precisamos de objetivos para nos sentirmos motivados, mas eles precisam ser desafiadores o bastante para nos manter animados. E precisam ser alcançáveis. Se tentarmos realizar o impossível, isso cria estresse desnecessário. Escolher objetivos ambiciosos e realistas dá direção às nossas vidas e traz o sentimento de realização e satisfação quando os atingimos.

Por que é bom ter objetivos?

Objetivos são a forma de transformar nossos valores e sonhos em realidade. A felicidade não acontece simplesmente: ela vem através do pensamento, planejamento e de irmos atrás do que é importante para nós. Pesquisas científicas mostram que definir e se esforçar na direção de objetivos pode contribuir para a felicidade de várias formas. Entre elas:

  • objetivos são uma fonte de interesse, engajamento e prazer
  • nos dão significado e propósito
  • proporcionam o sentimento de realização quando realizamos aquilo que nos propusemos (ou quando vamos alcançando as metas menores dentro da maior). Isso fortalece nossa confiança e crença sobre o que poderemos fazer no futuro [2][3][4].

Objetivos nos ajudam a manter o foco. Segundo as pesquisas, trabalhar ativamente para alcançá-los pode ser tão importante para nosso bem estar quanto chegar ao resultado final. Mas os objetivos mais bem sucedidos são aqueles que desejamos realmente atingir por nós mesmos, em vez daqueles que outras pessoas definem para nós.

O que faz uma boa meta?

Nossos objetivos podem ser de longo ou curto prazo, ou até mesmo diários. Um objetivo de longo prazo pode ser um grande objetivo profissional ou de vida — como, por exemplo, tornar-se médico ou obter uma qualificação. Um objetivo de curto prazo pode ser um plano para as próximas semanas ou meses — como organizar uma festa ou fazer parte de um time de futsal. Um objetivo diário pode ser simplesmente cozinhar algo diferente ou ligar para um velho amigo.

Objetivos menores podem parecer ser menos importantes. Mas ter projetos pessoais significativos — e que possam ser atingidos — ajuda muito a aumentar nosso bem-estar, especialmente se tivermos o apoio das pessoas à volta. E é ainda melhor se conseguirmos juntar nossos pequenos objetivos às nossas metas maiores e às nossas prioridades na vida.

A forma como determinamos nossos objetivos influencia as ações que realizamos para alcançá-los, o esforço e quão persistentes somos para chegar onde queremos. Formas apropriadas de elaborar objetivos podem ser aprendidas (leia “Estabeleça metas e realize-as”). Alguns de nossos objetivos podem ser ambiciosos, mas é importante que eles sejam atingíveis — alcançá-los traz o sentimento de realização e nos faz sentir mais confiantes em relação ao futuro.

Olhar adiante com otimismo

A ciência mostra que pessoas otimistas tendem a ser mais felizes, saudáveis e lidam melhor com situações difíceis [1]. Apesar de cada um ter uma tendência natural para o otimismo ou pessimismo, há coisas que podemos fazer para termos perspectivas mais otimistas, sem perder contato com a realidade.

Otimismo é acreditar que as coisas provavelmente serão melhores, em vez de piores. Assim, não é surpresa nenhuma que nosso nível de otimismo influencia o quanto somos persistentes em atingir objetivos e como reagimos a contratempos.

Ter uma abordagem otimista em relação a nossos objetivos, inclui:

  • Escolher objetivos que nos levam a algo positivo, ao invés apenas evitar coisas que não queremos.
  • Ser proativo quando surgem problemas e procurar formas de resolvê-los ao invés de ignorar ou adiar.
  • Evitar a fixação na negatividade, aprendendo a aceitar as coisas difíceis que não podemos mudar e ajustando nossos objetivos em vez de evitá-los [2].

Otimismo realista

Apesar de existirem evidências sobre os benefícios do pessimismo (por exemplo, ao avaliar riscos para nossa saúde), pesquisas mostram que o otimismo é muito melhor para nossa saúde e felicidade — elas também indicam que em situações difíceis (como começar a universidade, envelhecer ou lidar com problemas médicos) otimistas experimentam menos sofrimento e maior nível de bem-estar do que os pessimistas [1].

Mas é importante manter os pés no chão. Uma visão exageradamente otimista pode atrapalhar. Ser otimista não significa cegamente ignorar os fatos negativos. Ter expectativas irrealmente elevadas leva à decepção, à sensação de fracasso e a uma visão mais pessimista do futuro.

Quando pensamos sobre o futuro, de certa forma estamos fazendo suposições — portanto precisamos basear nossos objetivos e julgamentos no pouco que sabemos agora. Ter uma visão realista, mas com esperança, sobre o futuro, parece aumentar a possibilidade de as coisas ficarem bem no final [5]. Leia também “Seja positivo, mas realista”.

Referências
 [1] Carver, C.S., Scheier, M.F., Miller, C.J., & Fulford, D. (2009). Optimism. In S.J.Lopez & C.R. Snyder (Eds.) Oxford Handbook of Positive Psychology. NY: Oxford University Press.
 [2] Wrosch, C., & Scheier, M.F. (2003). Personality and quality of life: The importance of optimism an goal adjustment. Quality of Life Research, 12, 59-72
 [3] Lyubomirsky, S. (2007). The How of Happiness. London: Penguin Books
 [4] Rasmussen, H,N., Wrosch, C., & Scheier, M.F., & Carver, C.S. (2006). Self-regulation processes and health: The importance of optimism and goal adjustment. Journal of Personality, 74, 1721-1747
 [5] Schneider, S. L. (2001). In search of realistic optimism: Meaning, knowledge, and warm fuzziness. American Psychologist, 56, 250-263.
 [6] Locke, E.A. (2002) Setting goals for life and happiness. In S.J. Lopez & C.R.Snyder (Eds.) Oxford Handbook of Positive Psychology. NY: Oxford University Press.