Use técnicas positivas para criar os filhos

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Educar crianças pode ser muito gratificante e motivador – mas também cansativo e desafiador. Esse período realmente figura entre os melhores e piores momentos. Ainda assim você é o modelo para as crianças e, quando questionados sobre o que realmente desejam para seus filhos, a maioria responde: “desejo que sejam felizes”. Suas escolhas sobre como educá-los podem realmente ajudar – e o amor e apoio que você oferece a eles são críticos para o futuro bem-estar.

Por que fazer isso?

Ser positivo como pai ou mãe não significa somente melhores resultados para as crianças, mas também traz benefícios para o relacionamento deles com outros adultos, e para você como pai ou mãe. Durante o desenvolvimento dos bebês e crianças, eles passam por estágios naturais de desenvolvimento e vínculo com seus pais. Pais positivos reconhecem esses estágios e respondem adequadamente, ensinando à criança que suas atitudes fazem diferença, e que relacionamentos amorosos são estáveis e seguros, quaisquer que sejam as circunstâncias.

Criar os filhos de modo positivo junto com um parceiro também significa uma comunicação aberta e honesta, ensinando seus filhos – através de suas próprias ações – como encontrar soluções positivas para conflitos. Claro que todos os pais discutem – e às vezes na frente das crianças. Ainda assim, o que é essencial para as crianças é também presenciar a solução – testemunhar como dois adultos que se amam podem resolver suas diferenças e retornar a um relacionamento estável, carinhoso e de apoio mútuo, apesar dos momentos de atrito.

Para você, como pai ou mãe, admitir que há altos e baixos envolve cuidar de si. Se está estressado ou desanimado, seus filhos irão naturalmente absorver isso e espelhar essas emoções intensamente também. Se você está mais relaxado e alegre, seus filhos espelharão esses sentimentos, e toda a casa ficará mais harmoniosa. Todos nós sentimos emoções negativas eventualmente e, ao testemunhar como lidamos com elas, nossas crianças aprendem os modelos para seus próprios comportamentos no futuro.

Por onde começar?

Esteja presente

  • Independente da idade da criança, ela precisa de atenção completa.
  • Para bebês de colo, isso significa chegar bem perto do rosto e fazer sons, e imitar suas reações.
  • Para os que já engatinham ou estão em idade pré-escolar, isso significa ficar no chão com eles e interagir: ler livros, brincar de carrinho, boneca e repetir isso o tempo todo.
  • Assim que a criança começa a ir para a escola, estar presente significa compartilhar histórias sobre seu dia, ao passo que ela também conta o que aconteceu na escola. Fazer perguntas sem esperar respostas prontas, de modo bem humorado, pode atrair histórias engraçadas e interessantes.
  • Com adolescentes, alguns pais tendem a recuar e dar espaço. Contudo, jovens também precisam saber que vocês estão ali, amáveis e prontos para dar apoio. Faça perguntas e respeite seu desejo de privacidade. Esteja pronto para o inesperado — as histórias mais interessantes surgem quando você menos espera: por exemplo, dentro do carro ou tarde da noite.
  • E acima de tudo, dedique tempo para seu filho — ponha de lado a tecnologia e brinque.

Mantenha uma relação positiva com o parceiro

Ajude as crianças a desenvolver inteligência emocional

  • Aceite todas as emoções e trabalhe com a criança para nomeá-las, tanto as positivas quanto as negativas.
  • Participe dos momentos felizes com a criança, permitindo-a vivenciar todo o prazer do orgulho confiante, amor, excitação, antecipação, surpresa e tudo mais.
  • Aceite que sua criança terá dificuldades. São esses momentos que criam a resiliência. Em vez de tentar remover a tristeza de uma criança desapontada, sinta o desapontamento junto com ela, e reconheça a emoção.
  • Por exemplo, diga “Entendo seu desapontamento. Deve ser muito triste estar com tudo marcado para aquele jogo e, de repente, seu amigo fica doente e não pode vir”.
  • Dê à criança um espaço seguro e com todo seu apoio para que ela compartilhe e sinta todas as emoções.

Não seja duro demais consigo mesmo

Encontre maneiras otimistas de explicar as coisas

  • Quando coisas negativas acontecerem, resista ao impulso de encará-las como algo permanente. Uma criança com atitude provocadora pode estar tendo um dia ruim, ou pode estar cansada ou frustrada. A provocação é temporária, e não um traço permanente de caráter.
  • Quando coisas negativas acontecerem, resista ao impulso de generalizá-las no espaço e tempo. Uma criança que se comporta de certa maneira em casa, pode não ser assim na escola ou no time esportivo.
  • Quando coisas boas acontecerem, desfrute e saboreie. Ativamente participe com a criança, quando ela estiver fazendo ou dizendo coisas positivas.
  • Aponte quando ela fizer a coisa certa. Por exemplo, diga: “Eu vi você ajudando aquela criança pequena quando ela caiu. Isso foi um ato muito bondoso.”

Os primeiros anos realmente contam

Nos últimos anos houve descobertas surpreendentes sobre como o amor e apoio que recebemos em nossos primeiros anos afetam nossas vidas. Descobriu-se que o amor é essencial para o desenvolvimento cerebral nos primeiros anos de vida, particularmente para o desenvolvimento dos sistemas sociais e emocionais do cérebro.

Quando bebês, nosso sistema nervoso é profundamente moldado por nossos primeiros relacionamentos, e isso tem consequências duradouras para nossa vida adulta, apesar de nossa incapacidade de lembrar dessa época. Pesquisas mostram que a forma como nosso cérebro se desenvolve quando somos bebês pode afetar como respondemos ao estresse e o nosso bem-estar emocional futuro. A falta de amor e apoio nos cruciais primeiros anos de vida pode aumentar a probabilidade de problemas mentais futuros e condições como anorexia, adicção e comportamento anti-social.

Como pais, muitas vezes pensamos nos primeiros anos de nossos filhos como uma época difícil de aguentar, em que inserir a criança em “uma boa rotina” e ajudá-la a desenvolver as habilidades básicas de comer, andar e falar são as coisas mais importantes. Mas as pesquisas indicam que o essencial de fato é oferecer amor incondicional para nossas crianças e ajudá-las a se sentir compreendidas, valorizadas e seguras.

Seja competente (e não autoritário)

Além do amor incondicional, nossas crianças também precisam de limites claros. De um modo geral, os pesquisadores concluíram que existem três estilos principais na criação dos filhos: autoritário, permissivo e competente.

  • Autoritário: pais que demandam muito de seus filhos, mas não oferecem contrapartida. Eles com frequência dão ordens e impõem regras estritas a serem obedecidas. Algumas vezes estereotipado como “estilo militar”, essa abordagem pode incluir abusos físicos.
  • Permissivo: pais que encorajam seus filhos ao máximo, mas não definem limites. Eles enfatizam a criatividade e os sentimentos, mas os filhos com frequência não se sentem amados, como resultado de poderem fazer o que quiser. Às vezes estereotipado como “estilo hippie”, essas crianças frequentemente se rebelam contra os pais.
  • Competente:  pais que estabelecem alguns limites para os filhos, mas que também ouvem e estimulam. Uma mistura dos estilos permissivo e autoritário, é o que obtém o maior respeito entre os três tipos. Filhos de pais competentes (cujo autoridade está bem fundamentada) ao crescer se tornam os mais coerentes e equilibrados.

Portanto, talvez a coisa mais importante que podemos fazer pelo bem-estar e desenvolvimento emocional de nossos filhos é combinar o amor incondicional com regras e limites claros e consistentes.

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Imagem no topo: Luis Llerena, CC0.